Estudo piloto em Campo Grande (MS) evidencia a importância da vigilância genômica de viroses respiratórias em escolas
Com a volta às aulas, muitos dos problemas educacionais e sociais que afetaram crianças e adolescentes durante o período mais crítico da pandemia de COVID-19 foram aos poucos sendo superados. Uma dúvida importante, porém, é entender como as escolas poderiam agir como novos focos de contágio em média escala para o vírus, com a volta ao ensino presencial representando um risco à saúde coletiva — em especial de uma população que deve ser protegida como a infantojuvenil.
Para tentar compreender como o retorno às atividades escolares se relacionaria com as tendências epidemiológicas do vírus, pesquisadores da Fiocruz/MS elaboraram um projeto de vigilância genômica de longo prazo na população de estudantes e trabalhadores de 23 escolas públicas e privadas da região de Campo Grande (MS). No total, foram coletadas amostras nasofaríngeas e realizadas entrevistas sobre sintomas com 999 pessoas voluntárias, de outubro de 2021 a novembro de 2022. Os sintomas mais comuns eram os esperados para casos da doença: tosse, dor de cabeça, corrimento nasal, e dor de garganta, e as variantes mais prevalentes foram as sub-linhagens Ômicron BA.2 e BA.5.
A partir deste conjunto de amostras ao longo do tempo, foi possível observar que as tendências epidemiológicas da escola refletiam aquelas observadas para a população em geral na região. Este achado é importante, pois mostra que escolas são um ponto-chave para a vigilância de viroses respiratórias, podendo ser uma fonte de informação relevante para se detectar de maneira mais rápida tendências de aumento ou diminuição de casos de doenças como a COVID-19.
Alcantara, D. M. C., Dos Santos, C. M., Torres, J. M., Stutz, C., Vieira, C. A., Moreira, R. M. D. S., … & Fernandez, Z. D. C. (2024). Long-term surveillance of SARS-CoV-2 in the school community from Campo Grande, Brazil. BMC Public Health, 24(1), 2057.